11 Matemática financeira
11.1 Conceitos fundamentais
- VDT: Valor do dinheiro no tempo
Um mesmo valor unitário vale mais recebendo hoje que no futuro
- Aplicações da matemática financeira: Comparar a melhor relação de uso do dinheiro no tempo
Representação gráfica de um fluxo de caixa:
Onde:
- Seta para cima quer dizer dinheiro que você recebe
- Seta para baixo quer dizer dinheiro que você paga (ou investe)
- Relação fundamental da matemática financeira:
- VP (Capital [C]): Chamado de valor presente, representa o valor monetário de aplicação ou recebimento no tempo presente
- VF (Montante [J]): Chamado de valor futuro, representa o valor monetário de pagamento ou recebimento no tempo futuro
- i (Taxa de juros): Percentual de aplicação sobre o capital no tempo. Podendo ser de regime simples ou composto
- J (Juros): Valor monetário da aplicação da taxa de juros no tempo.
- n (Período de tempo): Período em que o pagamento/investimento é atribuído.
- PMT (Pagamentos): Quantidade de pagamentos fixos ou variáveis que são atribuídos em cada período de tempo durante o ciclo de tempo
- Definição dos regimes:
- Regime de juros simples: Os juros são sempre calculados sobre o saldo inicial
Variações da fórmula juros simples 1:

- Regime de juros compostos: Os juros são sempre calculados sobre o saldo atual
Variações da fórmula juros compostos:

Gráfico comparativo juros simples versus juros compostos:
- Períodos de cálculo
11.2 Taxas de juros
Tipos de taxas:
- Taxa nominal: Trata-se de uma taxa de referência, É dada em UMA unidade de TEMPO, e a capitalização é dada em OUTRA unidade de TEMPO. Precisa ser CONVERTIDA para a unidade de tempo do prazo da capitalização
Ex: A taxa de 48% ao ano para pagamentos mensais
- Taxa Efetiva: Taxa que pode ser utilizada para as contas financeiras
A taxa de 48% ao ano para pagamentos mensais é de 4% ao mês
As equivalências das taxas são feitas da seguinte maneira:
- Equivalências de taxa de juros simples:
Basta multiplicar/dividir pela razão de transferência dos períodos.
- Equivalência de taxa de juros composta:
Basta elevar pelo número de períodos, caso seja de período longo para curto, eleva-se usando 1/n
- Taxa real: Taxa efetiva considerando a inflação
onde:
- taxa i: taxa efetiva
Exemplo:
Observe que o montante não faz diferença na análise
- Taxa Over: Também chamada de overnight, trata-se do uso da taxa efeitiva considerando apenas os dias úteis
Onde:
ie = Taxa efetiva over = Taxa overnight du = Dias úteis
Exemplo:
11.2.1 Títulos prefixados e pós-fixados
As operações de mercado podem ser classificadas em:
- operações de renda fixa (títulos ou fundos, por exemplo)
- operações de renda variável (ações, por exemplo).
Uma operação de renda fixa pode ser:
Renda prefixada: O aplicador e o devedor conhecem, no dia da transação, a taxa de retorno e também o valor do título no dia do resgate (encerramento).
Renda pós-fixada: O aplicador e o devedor só conhecerão no dia da liquidação (encerramento) da transação a taxa de retorno e também o valor do título. Geralmente, uma parte fixa mais uma parte variável, que é definida a algum índice.
Exemplo de avaliação de investimentos das rendas:
11.3 Operações de desconto
Uma das operações mais frequentes no dia a dia dos mercados são as operações de desconto. Operações dedesconto visam à antecipação de um montante, valor a receber em uma data no futuro, para podermos dispordesse capital hoje.
Tipos de operação de desconto:
- Desconto simples:
No regime de capitalização simples, temos três tipos de descontos:
- Desconto racional simples: Trata-se do cálculo do VP da taxa de juros simples
- Desconto comercial simples: No desconto por fora, os juros são calculados sobre o valor futuro
- Desconto bancário: No mundo real, além das taxas de juros, os bancos comerciais costumam cobrar uma taxa de administraçãopara realizar operações com desconto
- Desconto composto:
No regime de capitalização composta, temos dois tipos de descontos:
- Desconto racional composto: Trata-se do cálculo do VP da taxa de juros composta
- Desconto comercial composto: Desconto sobre o valor nominal (montante) do título.
Desconto com vários títulos:
Na prática, não se opera com um título isoladamente. Em geral, desconta-se um conjunto de títulos com prazos de vencimento distintos.
Ex:

11.4 Séries de pagamentos
11.4.1 Séries uniformes
São fluxos de caixa iguais que se repetem em períodos regulares, podendo ser do tipo:
- Finitas: Possuem um período de pagamentos (ou recebimentos) constantes
- Infinitas (Perpetuidade): Perpetuidade é um conjunto de pagamentos (ou recebimentos) que não acabam mais, duram para sempre, são eternos.
As formas de manipulação do fluxo de caixa podem ser dos tipos:
- Postecipadas (VF): Trata-se em definir o valor futuro do fluxo de caixa
- Antecipadas (VP): Trata-se em definir o valor presente do fluxo de caixa

- Fórmulas fluxo de caixa finitas:

Onde:
Pn = Pagamentos de cada período
- Fórmulas fluxo de caixa perpetuidade:

11.4.2 Séries de pagamentos não uniformes
O conceito é o mesmo, mas atribui-se a pagamentos de diferentes valores.
Para isto é utilizado em softwares o conceito de valor presente líquido (VPL/NPV) e taxa interna de retorno (TIR/IRR)
11.4.2.1 Valor presente Líquido (VPL)
Trata-se do cálculo do valor presente dado diferentes valores de pagamentos.
FinancialMath::NPV(cf0 = 1000, cf = c(100,200,100,400, -500,200,600,150), times = c(1,3,3,4,3,5,6,2), i = 0.02, plot = T)

#> [1] 137
O VPL é muito utilizado em análise de investimentos, onde se identifica se os resultados de um investimento inicial são capazes de gerar retorno.
VLP > 0 -> Retorno positivo VPL < 0 -> Retorno negativo
11.4.2.2 Taxa interna de retorno (TIR)
Trata-se da taxa que torna o VPL = 0. Esta taxa é importante para comparar se o investimento é mais rentável que outros investimentos, chamado de custo de oportunidade.
O valor do npv não se tornou zero devido ao calculo numérico do algoritmo.
Se TIR > custo de oportunidade -> Bom Investimento Caso contrário -> Permanecer com o investimento anterior
A TIR tem de ser maior do que a taxa de desconto (custo de capital)
11.5 Sistemas de amortização
O processo de quitação de um empréstimo consiste em efetuar pagamentos periódicos (prestações) de modo a liquidar o saldo devedor.
prestação = amortização + juros
Tipos de sistema de amortização:
Sistema de amortização americano (SAA): Os empréstimos são quitados mediante o pagamento periódico de juros, deixando-se o principal para ser pago de uma única vez no final do último período
Sistema de amortização francês (PRICE): O empréstimo é quitado mediante o pagamento de prestações fixas e constantes a cada período. Cada prestação inclui os juros mais uma parte de amortização (pagamento) do principal da dívida
Ex: Empréstimo de 10 mil reais a uma taxa de 5% ao ano
amort.table(Loan=10000,pmt=NA,n=10,i=.05,plot=T)

#> $Schedule
#> Payment Interest Paid Principal Paid Balance
#> 1 1295 500 795 9205
#> 2 1295 460 835 8370
#> 3 1295 419 877 7494
#> 4 1295 375 920 6573
#> 5 1295 329 966 5607
#> 6 1295 280 1015 4592
#> 7 1295 230 1065 3527
#> 8 1295 176 1119 2408
#> 9 1295 120 1175 1233
#> 10 1295 62 1233 0
#>
#> $Other
#> Details
#> Loan 10000.00
#> Total Paid 12950.46
#> Total Interest 2950.46
#> Eff Rate 0.05
- Sistema de amortização constante (SAC): O empréstimo é quitado com parcelas de amortização constantes ao longo do tempo. Como consequência, as prestações no SAC são decrescentes
Exemplo:
11.6 Outros cálculos no R
#FinCalc
FinCal::fv.annuity(0.04, 10, 200,1)
#> [1] -2497
FinCal::r.perpetuity(200, -5000)
#> [1] 0.04
FinCal::npv(0.02, c(0,200,500,400,200,0,100))
#> [1] 1327
FinCal::irr(c(200,400,100,0,200,150))
#> [1] -1
#FinancialMath
FinancialMath::NPV(cf0 = 1000, cf = c(100,200,100,400, -500,200,600), times = c(1,3,3,4,3,5,6), i = 0.02, plot = T)

#> [1] -7
FinancialMath::TVM(1000, n = 50, i = 0.02, plot = T)

#> TVM
#> PV 1000.00
#> FV 2691.59
#> Periods 50.00
#> Eff Rate 0.02